Amigos da Liberdade da Alma

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

FOLCLORE – COM O PENSAMENTO NA MAGIA DO CANTO DO POVO

l Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

O Folclore é um ramo da Antropologia Cultural. É a ciência que estuda o “modo de ser” do povo, sua maneira de pensar, de agir e de sentir. É o estudo da feição nacional nas suas bases profundas e mais características. O termo FOLCLORE foi criado a 22 de agosto de 1846 pelo arqueólogo inglês William John Thomas. Além de muito sonoro, em sua síntese engloba o objetivo principal do estudo: FOLK ( povo) e LORE ( saber) . Depois o “K” foi substituído pelo “C”, formando a palavra FOLCLORE.

Para que uma atividade popular qualquer possa ser classificada como folclórica, é necessário: anonimato, aceitação coletiva, transmissão oral, tradicionalidade e funcionalidade. Toda manifestação folclórica não tem autor conhecido. Pela aceitação coletiva, o povo despersonaliza o autor, considerando a manifestação folclórica como sua.

A falta de meios de comunicação fez com que o povo conservasse através da transmissão oral, sua maneira de pensar, sentir e agir. Conservado durante muitos anos na boca do povo, é claro que o fato folclórico, obedece a uma tradição. Uma tradição dinâmica, que busca na lição vinda do passado, o que é preciso saber no presente.

Tudo que o povo faz tem a sua funcionalidade. Não aceita nem tampouco inventa nada sem uma razão de ser. Por exemplo, o canto, uma das expressões folclóricas mais comuns a todos os povos, é de uma funcionalidade a toda prova. Canta-se para rezar, para acalmar e adormecer as crianças, para ritmar e/ou tornar mais produtivo o trabalho, para festejar as colheitas, para enterrar os mortos...

Assim como quase todas as manifestações folclóricas, também a música nos acompanha em todo o ciclo de vida , do nascimento a morte.


MÚSICA FOLCLÓRICA

A música folclórica vive em função de uma tradição, e é elaborada por quem ignora por completo os aspectos teóricos da arte musical. Por esta razão, expande-se com toda naturalidade e possui uma aceitação coletiva.

Na música folclórica, deve-se considerar, além dos esquemas temáticos “ estrutura rítmica, harmonia e desenvolvimento melódico “ , a entonação da voz, a técnica da emissão, a posição do corpo do cantor e a referência ao número de pessoas que participam da execução. Privar a execução folclórica dos seus elementos constitutivos, equivale a destruir o valor da peça.

1 – MEIO PREFERENCIAL

Subsiste entre as coletividades rurais e urbanas, e se contrapõem à moda, à arte e às técnicas eruditas modernas.

2 – ORIGEM

Pode ser criação de um membro da coletividade, como também de origem externa. Importante é que as coletividades expressem e identifiquem essa música como sendo sua.

3 – CONCEPÇÃO

a ) improvisada de forma espontânea e aceita no momento da criação;
b ) improvisada, ensaiada e aceita;
c ) tradicional.

4 – DIVULGAÇÃO

Executada ou cantada, divulga-se por audição de um para outro membro da coletividade e, pode ou não,sofrer alterações fundamentais.

5 – GÊNERO

a ) Vocal – relacionado à poesia, versa sobre os mais variados assuntos.Geralmente a melodia vocal é livre, pairando sobre os instrumentos e obrigando-os a acompanhá-la ou caminhando com eles, sem qualquer relação muito acentuada. É silábica e nela é comum a voz em falsete e sons anasalados.
b ) Instrumental – acompanha a voz cantada, a dança, e é utilizado também para realizar pequenos prelúdios e interlúdios. Instrumentos: cordofones ( viola, rabeca e violão... ) , membranofones ( caixa,bumbo,tambor,pandeiros...) , idiofones ( reco-recos e chocalhos diversos ) , aerofones ( flautas,buzinas e apitos).

6 – FORMA

A vocal é mais comum e pode ser classificada em:
a ) Canto solista monódico. Exemplos: pregões, cantigas de ninar, modinhas, romances.
b ) Canto em fabordão, com a consonância de 3ª acima ou abaixo da voz principal. Exemplo: moda de viola.
c ) Canto em fabordão e côro.Exemplos: congada e folia de reis.
d ) Solo e côro. Exemplos: rodas infantis e recomendas de almas.
Apesar do “toque dos instrumentos”, não há propriamente formas instrumentais.

7 – ESTRUTURA

Geralmente as melodias são pequenas – 8 a 16 compassos. A linha melódica é descendente se faz a terminação na 3ª, na 5ª e na tônica, às vezes em harmonia de três, quatro, cinco e mais sons em fermata. Normalmente o compasso é binário e o modo Maior. O compasso ternário e o modo menor, são usados com mais freqüência nas Modinhas e Romances.
A viola de cinco cordas duplas ou de dez cordas, é o instrumento mais usado e acompanha o canto fazendo o rasqueado ( harmonias predominantes de tônica e dominante) e o ponteado ( contraponteando ou executando em uníssono a melodia vocal).

Para mostrar as suas habilidades, é comum o tocador de viola fazer improvisações. Os membranofones e idiofones contribuem para a riqueza rítmica e, muitas vezes resultam em uma polirritmia exuberante.