Amigos da Liberdade da Alma

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

UM ANJO CHAMADO CORI GONZAGA


| Por: Raquel Crusoé Loures de Macedo Meira

Ah ... o menino Cori !

Nunca verei outro tão lindo e tão sensível. Cabelos cor de mel, rostinho de anjo, Cori sempre estava por perto, não sei se para nos energizar ou simplesmente para tornar mais leve e fazer fluir a nossa emoção.

Juro que muitas vezes consegui enxergar asas em Cori !

A pacata Rua Coronel Luís Pires que ainda tinha apenas dois quarteirões, todos os dias era acordada com Mozart, Scriabin, Beethoven, Bach, Liszt, Mendelssohn e outros tantos compositores, isto sem falar das inúmeras técnicas de Hanon, Beringer e Clementi com as suas intermináveis escalas, terças, sextas e oitavas dobradas que diariamente a minha dedicação e emoção, juntamente com a firmeza de vontade da minha mãe, a Dona Nenzinha, faziam ecoar o som do piano por toda a vizinhança.

Ninguém reclamava.

Vizinho neste tempo era coisa séria, laços afetivos muitas vezes maiores que de parentes, éramos quase irmãos naquela época em que vivíamos com as portas abertas para a afetividade e o carinho.

E lá estava o menino Cori...

De cócoras no murinho do jardim ou no nosso alpendre, hoje chamado por todos como varanda, todos os dias, por horas e horas era o meu companheiro e talvez a minha força e inspiração para enfrentar os trinados, legatos e staccatos da rotina de qualquer estudante de piano.

O sol dos Montes Claros, ardia em sua cabecinha, mas ele parecia não sentir.A felicidade refletia em seu lindo rostinho de menino com alma de artista, muito querido por todos.

Anjo Cori, hoje respeitado por sua musicalidade e por seu talento nas inúmeras canções que ecoam nas vozes dos nossos jovens, me faz sentir saudades de um tempo em que trocávamos energia em um clima de carinho, respeito, afetividade e muito amor.